Cuidados Antes da Compra de Imóveis Evitam Gastos Extras
As
condições para a realização do sonho da casa própria devem ser bem
avaliadas para evitar que as dificuldades comprometam o orçamento
familiar. Os especialistas alertam que a falta de atenção ao plano de
financiamento elevam o risco do pagamento em até 30% a mais do valor
inicialmente contratado.
É
necessário ficar atento também às mudanças no contrato, acabamento
inferior ao prometido e atraso na entrega. “O que ocorre é que
determinadas pessoas, quando vão comprar, só pensam na satisfação de
adquirir o primeiro imóvel e deixam de atentar para a segurança básica”,
analisa o especialista em Direito Imobiliário, Sebastião Gonçalves
Filho. Segundo ele, uma das principais ações para a compra de uma casa
ou apartamento é a análise detalhada do contrato, que sempre fica para
segundo plano.
A
etapa dá um pouco de trabalho, na opinião do advogado, mas é importante
para não ser pego de surpresa. O consumidor deve solicitar o memorial
descritivo, que é a matrícula do empreendimento no cartório. O documento
é uma espécie de radiografia do imóvel, onde tudo vem descrito, desde o
material utilizado na construção até o que vai compor a área
privativa, da cerâmica à pintura.
Fazer
a simulação do financiamento é considerado um dos passos mais
importantes da compra. De acordo com Sebastião Gonçalves Filho, a
maioria das vendas é feita no que o segmento chama de ‘poupança’. O
cliente paga uma pequena parte à incorporadora ou imobiliária em um
período de dois anos e depois financia o restante com o agente
financeiro. A surpresa está nessa fase. “No que o comprador não simula,
ele compra com um valor de poupança barato, paga um valor pequeno.
Quando vê o restante, que vai financiar no banco, descobre que não cabe
no bolso dele”, analisa.
O
especialista afirma que as imobiliárias não explicam ao comprador que o
valor da poupança não tem relação com o que vai ser praticado no
financiamento. “Entra no jogo o INCC”, comenta. O Índice Nacional de
Construção Civil (INCC), que calcula a produção de custos e índices da
construção civil a partir do levantamento de preços de materiais e
salários pagos no setor de habitação, é um dos quesitos mais importantes
que o consumidor deve observar.
Se
um consumidor compra um imóvel por R$ 100 mil e paga R$ 20 mil para a
imobiliária como poupança, o saldo devedor que fica é atualizado
mensalmente pelo INCC. O consumidor paga a primeira parte para a
imobiliária, contando também com a atualização mensal do índice.
Segundo
Gonçalves Filho, o consumidor não é informado, na maioria das vezes, de
que o saldo devedor também é atualizado, sendo surpreendido ao pagar as
‘chaves’ do imóvel e financiar o restante. “Esses R$ 80 mil que
sobraram, ajustados pelo INCC, representam R$ 120 mil”, exemplifica.
Foi
o que aconteceu com o servidor público Raimundo José, que pediu para
omitir o sobrenome . Ele comprou um apartamento na planta em 2009 por
R$ 160 mil. Ao pagar 28 mensalidades, incluindo a parcela anual e a
chave, o servidor pagou pouco mais de R$ 41 mil. Ao procurar o banco
para financiar o restante, foi pego de surpresa ao descobrir que deveria
pagar mais R$ 159 mil, já que o imóvel tinha valorizado e chegado ao
valor de R$ 209 mil. “Quando a gente comprou na planta, a gente sabia
que as mensalidade iam subir, devido aos juros, mas não tanto”,
comentou.
O
servidor conta que todo mês o valor subia, em média, R$ 30 a R$ 50.
Para ele, faltou clareza por parte do vendedor do imóvel e falta de
atenção da parte dele como comprador. “Sempre escapa uma coisa ou outra
coisa. Na próxima compra terei mais atenção”, afirmou.
Além do susto com as taxas, o servidor está enfrentando a demora para ter acesso ao imóvel. Ele procurou orientação de um advogado, já que foi informado de que, se quisesse o ressarcimento, receberia 30% a menos do valor já pago.
Encargos devem ser detalhados
Para
o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Amazonas
(Sindmóveis), Almir de Mendonça, a falta de detalhes na explicação dos
encargos financeiros e dos custos que o consumidor terá que pagar
prejudicará o futuro da renda familiar.
“Falta
clareza da parte dos cartórios, dos bancos e na hora de assinar o
contrato”, afirma. Só com a documentação, o gasto chega a ser de 5% a
10% do total do imóvel. “São taxas para o banco, tem o registro do
imóvel, a escritura no cartório. Fica tudo maquiado”, disse o presidente
do Sindmóveis. Mendonça diz ainda que o direito de pagar 50% na
escritura e no registro do imóvel para o consumidor que compra o
primeiro imóvel não é explicado. Para ele, o consumidor tem que ler com
atenção o contrato ou pagará mais caro.
A
analista financeira Clélia Maria Marinho se sentiu enganada ao ser
informada de que pagaria apenas a entrada do apartamento e as custas
cartoriais, que segundo a incorporadora, não sairiam por mais de R$ 2
mil. Clélia comprou o apartamento em um feirão de imóveis. “Só de
surpresa, pagamos quatro parcelas de R$ 100, que até hoje não sabemos o
que foi. Mas o cartório que deu quase R$ 5 mil”, disse.
Durante
a negociação, o imóvel valia R$ 95 mil. No ato da compra, passou para
R$ 120 mil. A entrega foi adiada e a imobiliária passou a cobrar o custo
da obra.
Clélia
disse ainda que, durante o feirão, a imobiliária informou que as
parcelas pagas ao banco, depois da entrega da chave, ficariam na faixa
de R$ 500 para caber no orçamento, mas o banco elevou para R$ 770.
“Ainda tenho medo de aparecer mais uma surpresa, sem contar as
frustrações que sentimos quando me passam novas datas”, desabafou. Para a
analista, nada foi 100% claro. “Era tudo muito simples”, concluiu.
Para
Sebastião Gonçalves Filho, os compradores evitariam vários gastos se
tivessem procurado a ajuda de um especialista. “Eles seriam pelo menos
alertados. Seria feita uma projeção para daqui dois anos”, afirma. O
especialista reforça que a rescisão contratual implica em perda de 50%
do valor já pago.
Gonçalves
Filho atendeu cerca 20 pessoas com as mesmas reclamações sobre o saldo
devedor. Ele lembra que depois de pagas as parcelas para a construtora,
sai a cobrança do INCC e entra o geralmente o Índice Geral de Preços
(IGP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), muitas vezes acompanhado da
Tabela Price, possibilidade de amortizar o débito onde as parcelas são
iguais e o valor dos juros declina.
Fonte: http://new.d24am.com/noticias/economia/cuidados-antes-compra-imoveis-evitam-gastos-extras/121671
Para mais informações, acesse: advocaciaimobiliariagoias.org
http://www.escritoriomensur.com/
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